As sombras afiadas na parede
A angústia de não ser aceito
A angústia de não se aceitar
O medo de ficar só
O desejo por dinheiro
O sono que não vem
O lucro que vicia
O doce que vicia
A necessidade de manter a forma
A necessidade de manter o juízo
A fracassada tentativa de ser o personagem perfeito da TV ao dito amor da minha vida
O medo do amanhã
O medo do agora
A porra dos aparelhos que quebram toda hora
A falta de compreensão
O não entendimento entre os nossos
A conduta sempre vigiada
A sede por mais
E a sede por mais
E a solidão por ter nascido da forma que sou
E os amigos que se foram para não voltar
E me fechar novamente ao mundo que nunca compreendi e nunca me compreenderá
Confortável dentro de mim, no jardim que conheço e que não fere com o olhar, nem com a palavra, nem com a distância, nem com a indiferença
A esperança que se esvai
Na torre
No alto da torre que brilha vermelho a esperança se esvai
Não está em minhas mãos, pai
Perdi o controle dado
Perdi
Desde o seu precoce abandono só perdi
E entre todas as angústias a que me presenteiam diariamente, abutres sem rosto dilaceram a minha carne, pai
Não os deixo parar, pois como abutre também me encontrará
Rodrigo Aquiles Santos
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